Temos visto várias fábricas de automóveis a parar por vários pequenos períodos devido à crise de semicondutores. Na verdade, a pandemia e a excessiva concentração da produção em poucos fabricantes deste tipo de componentes, criaram problemas de disrupção das cadeias de produção e logísticas. Mas a verdade é que isso parece ser apenas a ponta do iceberg. Há vários materiais que poderão em breve escassear no mercado e obrigar a paragens muito mais prolongadas.
O extraordinário crescimento da China tem criado perturbações no fornecimento energético, com vários apagões em cidades chinesas e isso determinou o encerramento de várias fábricas e indústrias extrativas responsáveis pelo fornecimento de materiais importantes para a cadeia de valor automóvel. Por exemplo, a cadeia de extração e fornecimento de magnésio, material que entra nas ligas de alumínio que formam muitas das peças dos automóveis, está também em défice e isso pode representar uma enorme perturbação. Há algumas peças que podem voltar a ser feitas em materiais mais pesados, como o ferro ou o aço, mas dificilmente se conseguirão ajustar em tempo útil às linhas de produção.
Será que o novo mundo do século XXI, em que por causa dos efeitos das alterações climáticas, são imperativas transições energéticas e uma muito maior cooperação entre países vai enfrentar frequentemente esta nova realidade de escassez de certos componentes, perturbando várias cadeias de produtos? Será que vai afetar outros setores ainda mais críticos, como por exemplo o alimentar? Ou será que vamos conseguir mudar e quebrar as barreiras de entendimento, os nacionalismos, e melhorar a coordenação evitando-se estes problemas?
Crédito da foto: Rafael Marchante