Foi criada a primeira supermolécula composta por uma hélice de ADN e um peptídeo, graças à alteração da quiralidade do peptídeo. ADN e peptídeos são biomoléculas muito importantes, no entanto raramente estão ligados entre si numa única estrutura. Pensa-se que isso se deve à sua quiralidade oposta, ou lateralidade. O ADN é destro, enquanto os peptídeos são canhotos, pelo que a combinação destas biomoléculas raramente é vista na natureza e é difícil de alcançar em laboratório.
Vejamos melhor. “Imagina que queres empilhar as duas mãos (uma em cima da outra) combinando cada dedo enquanto as duas palmas estão voltadas na mesma direção. É impossível. Só podes fazê-lo, se conseguires enganar uma das mãos, para que ambas tenham a mesma quiralidade”, explica Hanbin Mao, que liderou este estudo (Kent State University, EUA) ao lado de Chenguang Lou (Universidade do Sul da Dinamarca, Odense, Dinamarca).
Pois eles conseguiram enganar as mãos e sintetizaram a primeira supermolécula composta por um peptídeo e uma hélice de ADN. Para “dar a volta” à quiralidade, eles conseguiram alterar a quiralidade do peptídeo para combinar com a parte destra do ADN, o que significa que essas duas estruturas podem ser ligadas em vez de se repelirem, resultando nessa nova molécula artificial.
“Este é o primeiro estudo a mostrar que a quiralidade do ADN e as estruturas peptídicas podem comunicar e interagir, quando sua lateralidade é alterada”, explica Lou.
Essa nova supermolécula poderá ser usada para sintetizar nanoestruturas e proteínas artificiais no futuro, o que é muito interessante, pois as proteínas artificiais são mais estáveis e confiáveis do que as proteínas naturais que podem ser danificadas por reagentes químicos, calor e luz UV, por exemplo. “O nosso próximo passo será investigar se pode ser usada para explicar a causa da doença de Alzheimer, na qual os peptídeos defeituosos são os culpados”, explica Mao.
Os cientistas esperam que essa nova capacidade de combinar estas duas poderosas ferramentas moleculares, possa levar à próxima geração de nanotecnologia e ao desenvolvimento de nanoestruturas mais avançadas, por exemplo para detectar doenças.