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Observada hereditariedade da epigenética

As regras de hereditariedade são supostamente fáceis. O ADN do pai mistura-se com o da mãe para gerar uma nova combinação. Com o tempo, as mutações aleatórias darão a alguns indivíduos melhor adaptabilidade ao ambiente. As mutações são selecionadas através de gerações e a espécie torna-se mais forte. Mas… e se este dogma central for apenas uma parte da imagem?

Um novo estudo na Nature Immunology está a dar que falar na medida em que recontextualiza a evolução. Ratos infectados com uma dose não letal de uma bactéria, depois de recuperados, conseguem passar um sistema imunológico turbo-reforçado para os seus filhos e netos – tudo sem alterar qualquer sequência de ADN. O truque são mudanças epigenéticas – isto é, como os genes são ativados ou desativados – nos espermatozoides. Por outras palavras, em comparação com milénios de evolução, existe um caminho mais rápido para uma espécie prosperar. Para qualquer indivíduo, é possível ganhar capacidade de sobrevivência e adaptabilidade numa só geração, e essas mudanças são passadas para a descendência.

“Queríamos testar se poderíamos observar a hereditariedade de algumas características para as gerações subsequentes, independente da seleção natural”, disse o autor do estudo, Jorge Dominguez-Andres, do Radboud University Nijmegen Center.

“A existência de hereditariedade epigenética é de extrema relevância biológica, mas a extensão em que isso acontece em mamíferos permanece amplamente desconhecida”, revelaram ainda Paola de Candia do IRCCS MultiMedica, Milão, e Giuseppe Matarese no Treg Cell Lab, Dipartimento di Medicina Molecolare e Biotecnologie Mediche na Università degli Studi di Napoli em Nápoles, que não estiveram envolvidos no estudo. “O trabalho deles é um grande salto conceptual.”

Crédito da foto: Gerd Altmann from Pixabay

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