Apresentação1

Entender as sensações do toque e da temperatura ganha prémio Nobel de Medicina

O Nobel da Medicina e Fisiologia foi atribuído aos cientistas David Julius, da Universidade da Califórnia em São Francisco e Ardem Patapoutian, Libanez  atualmente no Instituto Médico Howard Hughes, em Maryland.

Grande parte da nossa perceção do mundo depende da nossa capacidade sensorial, que capta sinais do que se passa à nossa volta e nos permite reagir aos mesmos, ligando assim o nosso corpo ao meio que nos rodeia. Os dois investigadores revelaram como se passam estes processos, nomeadamente em relação à forma como o calor, o frio e o tato podem espoletar sinais no sistema nervoso. Esta compreensão está a permitir desenvolver tratamentos numa gama vasta de doenças incluindo a dor crónica.

David Julius procurou entender como a capsaicina, substância presente na pimenta preta, causava as sensações de ardor que sentimos quando consumimos esta especiaria. Para tal mapeou milhões de fragmentos de ADN correspondentes a genes, que são lidos nos neurónios sensoriais para estes reagirem à dor, calor e toque, incluindo um fragmento que codifica a proteína capaz de reagir à capsaicina. David Julius foi ativando individualmente os genes em culturas que não reagem à capsaicina, tendo conseguido identificar um único gene com a capacidade de tornar as células sensíveis à mesma. Este gene codifica um canal iónico que possui recetores específicos desta substância química, canal esse batizado mais tarde de TRPV1. Ardem Patapoutian realizou uma experiência semelhante para descobrir os recetores do frio. Através da utilização de mentol conseguiu identificar o canal batizado de TRPM8, que possui recetores ativados pelo frio. Mais tarde, outros canais iónicos foram identificados do mesmo modo, sendo sensíveis a outras temperaturas.

Ardem Patapoutian também descobriu como estímulos mecânicos são convertidos em sensações de toque e pressão. O cientista identificou um canal sensível ao toque que emitia um sinal elétrico quando tocado por uma micropipeta. De seguida identificaram 72 genes que codificam possíveis recetores sensíveis aos estímulos mecânicos e foram ativando e desativando os mesmos até descobrirem que apenas dois genes, quando inativados quebravam a sensação do toque.

Crédito da foto: The Nobel Committee for Medicine and Physiology

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