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Português descobre proteína que desenvolve células T

A equipa do imunologista Nuno Alves, do I3S, no Porto, descobriu a proteína, a LAMP2, responsável pelo desenvolvimento das células T no timo, fundamentais na resposta a infeções, abrindo horizontes sobre futuras terapias para regular a produção dessas células e reforçar o sistema imunitário dos mais frágeis, como idosos ou doentes imunocomprometidos.

O investigador do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde i3S descobriu que a ausência da proteína LAMP2 no timo diminui a resposta imune, pois afeta essa produção fundamental de células T. “É uma proteína cuja função no timo não se conhecia e que nós conseguimos identificar”, refere o cientista, explicando que o desenvolvimento das células T “depende do microambiente específico e exclusivo fornecido pelo timo, e que é arquitetado e proporcionado pelas chamadas células epiteliais tímicas (TECs). Se estas células epiteliais não existirem, o timo não consegue produzir e desenvolver as células T”. Foi nestas TECs que os investigadores descobriram a nova proteína, LAMP2, que se revelou essencial na regulação do desenvolvimento destas células centrais para o sistema imunitário.

Nas experiências feitas em modelo animal, a equipa de Nuno Alves demonstrou que quando se compromete a expressão da proteína LAMP2 nas TECs, compromete-se a diversidade do conjunto de células T e compromete-se a capacidade da resposta imunológica contra infeções”, como foi o caso, testado pelos investigadores do i3S, da bactéria Listeria. Assim, ficou provado que essa proteína “permite diversificar o reportório de células T, isto é, selecionar uma população diversa de células capazes de responder a várias ameaças”.

Esta descoberta, publicada na revista Autophagy, abre portas à exploração de terapias dirigidas à LAMP2 para restaurar a função tímica em indivíduos com problemas imunológicos causados por ação deficiente das células T, como é o caso da população envelhecida ou doentes autoimunes. “A nossa resposta imune vai sendo moldada ao longo dos anos por diversos motivos, como a resposta às diferentes infeções com que vamos sendo confrontados e a redução da função tímica. O timo é um dos primeiros órgãos a envelhecer no nosso organismo. Na adolescência a massa tímica é já substancialmente reduzida em relação aos primeiros anos de vida. Por isso, os idosos têm dificuldade em responder a vacinas ou infeções, porque a diversidade celular já está comprometida nessa altura”, descreve.

O próximo passo, avança o imunologista, “é tentar perceber se a função da LAMP2 diminui com a idade e se esse declínio contribui para a perda de diversidade das células T. Se isso se comprovar, teremos uma oportunidade única para tentar restaurar terapeuticamente a função da LAMP2, e desta forma conseguirmos rejuvenescer a resposta imunológica de grupos de risco, como os indivíduos mais idosos ou pacientes imunocomprometidos, a novas infeções, cancro ou vacinas”.

 

Crédito da foto: Investigador Nuno Alves (ao centro) com dois elementos da sua equipa no i3S, Laura Sousa e Pedro Rodrigues

© Artur Machado / Global Imagens

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