O Presidente de El Salvador, Nayib Bukele, anunciou a intenção de criar a primeira cidade onde o Bitcoin tem um papel central. A cidade será construída perto do vulcão Conchagua, de modo a usar energia geotérmica quer para permitir o funcionamento de toda a cidade, quer para suportar o consumo energético inerente ao processo de mineração de Bitcoins, que envolve a existência de centros computacionais com enorme capacidade de processamento.
Será uma cidade ecológica, com emissões zero de carbono, que incluirá casas, lojas, restaurantes e um porto. A educação será digital, os transportes serão públicos e as condições fiscais para os investidores serão vantajosas.
O plano começa por lançar em 2022 um produto financeiro semelhante aos títulos do tesouro ou às obrigações, mas com uma base significativa de Bitcoins. O fundo, de 1000 milhões de dólares, oferece uma boa rentabilidade mas que é simultaneamente conservadora, por contraponto com a valorização do Bitcoin. Este conservadorismo visa amortecer o risco inerente às flutuações habituais das criptomoedas. Uma vez garantido o financiamento, o plano tem como objetivo começar a construção da “Cidade Bitcoin” em 60 dias.
El Salvador já tinha sido, em setembro, o primeiro país do mundo a tornar o Bitcoin como a sua moeda oficial. E já tem diversas outras experiências feitas em torno de criptomoedas, como por exemplo a operação do Governo de um pequeno piloto de mineração com base na energia geotermal do vulcão Tepacacom ou ainda a pequena povoação de 3000 habitantes, El Zonte, cuja atividade principal é o Surf e que desde há quase dois anos funciona no dia a dia com pagamentos e transações em Bitcoin.
Em El Zonte, os trabalhadores recebem salários em Bitcoin, os pagamentos da água, da energia, das mercearias podem ser em Bitcoin, os pagamentos eletrónicos e em dinheiro físico coexistem e o único ATM que existe, converte bitcoins em dólares.
Naturalmente que esta estratégia de El Salvador visa catapultar o desenvolvimento do país, que é bastante pobre, inovando em novas áreas. De certa maneira, esta abordagem arrojada em relação às criptomoedas é quase uma materialização da lógica idealista inicial, de quem criou a primeira criptomoeda, que pretendia criar um sistema paralelo ao sistema financeiro e bancário onde ninguém ficasse excluído. Sendo El Salvador, tradicionalmente, um país com elevados níveis de corrupação e baixa qualidade de governação, há quem duvide da bonomia desta iniciativa, mas o que é certo é que os passos de El Salvador têm sido determinados e consistentes.
Será que outros irão replicar a abordagem de El Salvador?
Crédito Foto: centranews