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Estudar a mente precisa de nova abordagem

Desde há cerca de três décadas que a ciência cognitiva se baseia no chamado paradigma cognitvista. A ideia é que o cérebro é acima de tudo uma máquina, em que a computação se sobrepõe à representação, ou seja qualquer ideia e representação é o resultado de processamento de informação através de algoritmos, ainda desconhecidos, e que no final, geram a o conceito que nos permite agir.

Outra ideia que dá suporte à tese anterior passa por se saber que cada célula nervosa funciona eletricamente como um interruptor e a partir daí se extrapolar para o conceito da lógica digital, tal como num processador temos o papel do transístor. Esta conceção leva assim, a pensar o cérebro como um “processador” de informação “digitalizada”. 

Porém, duas descobertas têm colocado esta ideia sob pressão: a primeira vem de um estudo recente, que revelou que há pelo menos 75 tipos diferentes de neurónios, 24 de ativação, 45 de inibição e 6 de um tipo não neural; a segunda decorre de ser cada vez mais claro, que há “populações” de neurónios que atuam em conjunto formando redes e/ou circuitos e não apenas unidades individuais funcionando em série e paralelo.

Portanto há que entender como se agrupam, qual a estabilidade desses grupos, perceber se há hierarquias e como geram comportamentos e isso exige uma nova forma de juntar os conceitos básicos da eletroquímica do cérebro e em alguns casos entender melhor os conceitos de base.

O esforço deve mudar e dirigir-se tal como há algumas décadas, a completar o conhecimento dos mecanismos elementares do funcionamento cognitivo. Qualquer conhecimento profundo que tenhamos hoje dos processos biológicos parte sempre da compreensão a um nível elementar, das várias peças e princípios de funcionamento químico e biológico. É esse o caminho que ainda falta completar no caso da cognição. E algumas das bases que se consideraram estar certas provavelmente têm que ser revisitadas.

Foto: itagroup.com

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