Paulus_van_der_Doort_-_The_Philosophers_Stone

Como quebrar a cifra de um texto sobre alquimia com 400 anos?

Que conhecimento alquímico secreto poderia ser tão importante que exigisse uma criptografia sofisticada? Megan Piorko, do Science History Institute, apresentou um curioso manuscrito pertencente aos alquimistas ingleses John Dee (1527-1608) e seu filho Arthur Dee (1579-1651), no qual consta uma tabela de cifras, seguida por texto criptografado sob o título “Hermeticae Philosophiae Medulla” – ou Medula da Filosofia Hermética. A tabela acabaria por ser uma valiosa ferramenta para descodificar a cifra, mas só poderia ser interpretada corretamente depois de se encontrar a chave oculta.

É quando Richard Bean (sim, é o Mr. Bean, mas é outro) entra em cena. Menos de uma semana depois do desafio para a descodificação ter sido lançado, Richard contactou Lang e Piorko com notícias empolgantes: o código estava quebrado.

A hipótese inicial de Megan e Sarah foi confirmada; o texto cifrado era de facto uma receita alquímica para a Pedra Filosofal. Juntos, o trio começou a traduzir e analisar as 177 palavras do texto. Mas, mais interessaente, como Bean conseguiu quebrar a cifra?

Adjacente ao texto criptografado está uma tabela semelhante à cifra Bellaso / Della Porta – inventada em 1553 pelo criptologista italiano Giovan Battista Bellaso e escrita em 1563 por Giambattista della Porta. Essa foi a primeira pista.

O título latino indicava que o próprio texto também estava escrito em latim. Isso foi corroborado pela falta das letras V e J na tabela de cifras, pois V e J são intercambiáveis ​​com U e I, respectivamente, no texto latino impresso.

Essa era uma excelente notícia, pois Bean tinha acesso a modelos estatísticos latinos de projetos anteriores de descriptografia. Munido dessas informações,  partiu em busca de padrões que o levassem à “chave” da cifra – uma palavra ou frase que poderia ser usada em conjunto com a tabela de cifras para descodificar o texto.

Richard logo percebeu que a chave estava incluída no final do texto, o que é incomum. Era surpreendentemente longo também, composto de 45 letras – difícil mesmo para os padrões atuais de password de computador. O trio mais tarde perceberia que a chave também estava escrita noutra parte do manuscrito, escondida à vista de todos.

Na foto: Paulus_van_der_Doort_-The Philosophers Stone

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