A International Energy Agency acaba de editar o seu relatório anual “World Energy Outlook 2022”. Ao longo de mais de 500 páginas, faz um retrato geral do panorama energético e disseca em grande detalhe as várias tendências associadas à energia, desde a produção à procura, os vários tipos de energia e a transição energética.
Vale a pena destacara secção dedicada à definição de um plano que conduza ao objetivo acordado de se terem zero emissões em 2050. Numa altura em que decorre a COP27, no Egito, onde a maioria dos países do mundo se reunem para discutir o impacto das alterações climáticas e as mudanças a efetuar para atenuar e mitigar o enorme impacto das mesmas é muito pertinente esta importante discussão.
A imagem no topo deste artigo é uma infografia que consta no relatório e é um bom sumário do trajeto até 2050, das reduções das emissões, que cada setor – eletricidade, transportes, captura de CO2, indústria, edifícios e outros – tem que efetuar, assim como as principais etapas e desafios para que esse percurso seja possível. Recorde-se que o objetivo é limitar a subida da temperatura, no fim do século a 1,5 graus em relação à era pré-industrial, algo que muitos cientistas consideram muito improvável, mas de enorme urgência, sendo as consequências de tal não acontecer, imprevisíveis mas certamente catastróficas.
E esse parece ser exatamente o principal problema. As mudanças estão a acontecer, mas sem o sentido de urgência necessário, para permitir atingir os objetivos de 2030.
O ponto de partida são 37 gigatoneladas de CO2 por ano e isso diz bem, do gigantismo e da dificuldade do desafio.
Os objetivos para 2040 e 2050 podem até vir a ser atingidos, uma vez que depois de se criar embalagem e depois de definidas e em marchas as várias transições, o caminho tenderá a acelerar, mas as projeções dos cientistas não exigem apenas que se atinja o objetivo no fim, mas sim que as várias etapas sejam cumpridas e isso parece muito pouco provável de acontecer.
Crédito da foto: IEA