A cimeira COP27 – Conferência Alterações Climáticas – começa esta semana no Egito, e as negociações serão naturalmente marcadas pelos efeitos da guerra na Ucrânia e pelos esforços para garantir acesso universal à energia, principalmente no mundo em desenvolvimento, onde as populações sem acesso à eletricidade estão a crescer.
De acordo com os últimos dados da Agência Internacional da Energia – AIE -, o número de pessoas em todo o mundo que vivem sem eletricidade deverá aumentar em cerca de 20 milhões em 2022, atingindo quase 775 milhões, o primeiro aumento global desde que a AIE começou a acompanhar os números há 20 anos. O aumento é maioritariamente na África Subsariana, onde o número de pessoas sem acesso está quase de volta ao seu pico de 2013.
O aumento dos preços dos combustíveis e dos alimentos está a prejudicar desproporcionalmente o mundo em desenvolvimento. Para além do número crescente de pessoas sem energia fiável e acessível, as pessoas que enfrentam a fome crónica também estão, infelizmente, a aumentar novamente, invertendo os progressos em vários dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.
A presidência egípcia da COP27 deixou claro que a aceleração dos esforços para alcançar o acesso universal será uma parte fundamental da sua agenda, e a AIE está a apoiar a Presidência no lançamento da Iniciativa de Transição Energética Justa e Acessível (AJAETI). Esta iniciativa visa facilitar o intercâmbio técnico e ajudar a melhorar o ambiente de investimento para soluções em África. A comunidade internacional pode desempenhar um papel decisivo mobilizando mais apoio financeiro para soluções de acesso e para a transição energética limpa em África, o que pode reduzir a dependência das importações, ajudando os países a satisfazerem as suas crescentes necessidades energéticas. A atual crise energética global recorda-nos que a nossa dependência dos combustíveis fósseis perpetua os riscos para a segurança energética e também a forma como a transição energética limpa oferece novas oportunidades para os países abordarem as suas próprias exposições à segurança energética. Mas não podemos esquecer que o aspeto mais fundamental da segurança energética é, em primeiro lugar, o acesso.
Crédito da imagem: Agência Internacional de Energia