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Ford e VW desinvestem na condução totalmente autónoma

Normalmente divulgamos ideias ou conquistas potencialmente transformadoras da sociedade e os avanços proporcionados por várias tecnologias. Neste caso damos conta de um relativo insucesso fruto, provavelmente, de excesso de otimismo.

Na verdade alertámos aqui na newsletter do Cogito algumas vezes, para que a condução totalmente autónoma seria provavelmente uma ambição demasiado grande sem comunicação entre veículos V2V e sem comunicação entre veículos e o contexto V2X. E parece que começa a haver uma inversão na abordagem.

Os enormes investimentos na condução autónoma têm produzido indubitavelmente, grandes avanços, incluindo na condução totalmente autónoma, desde que, em zonas bem delimitadas e com contexto conhecido. Aí a aprendizagem máquina já consegue reproduzir as previsões e reações necessárias.

Mas, em situações abrangentes, com todas as vicissitudes normais do dia a dia de qualquer condutor, os algoritmos não conseguem estar perto da confiança necessária para os níveis de condução mais elevados – o nível quatro, que significa ser  totalmente autónomo, mas que mantém o condutor com capacidade de poder intervir e o nível cinco, sem possibilidade de intervenção do condutor.

Os investimentos começam a desviar-se desta linha de desenvolvimento e a Argo AI, empresa sedeada em Pittsburgh, de tecnologia de veículos autónomos apoiada pela Ford e VW, vai ser afetada de forma radical: vai encerrar devido à mudança de estratégia destes fabricantes, em relação à condução autónoma.

A Ford decidiu que vai canalizar os seus investimentos para tecnologia de assistência ao condutor mais alcançável a curto prazo, do que o objetivo de Argo de conduzir com pouca interação humana, disse o fabricante em comunicado.

“Veículos rentáveis e totalmente autónomos em escala estão muito longe e não teremos necessariamente de criar essa tecnologia nós mesmos”, revelou o CEO da Ford, Jim Farley, em comunicado.

A decisão da Ford levou a VW a decidir afastar-se também. A VW disse que já não irá investir na Argo AI e planeia concentrar os seus esforços de condução automatizada, nas suas parcerias existentes com a Bosch e a Horizon Robotics na China. “Especialmente no desenvolvimento de tecnologias futuras, de foco e de medição de velocidade”, disse o CEO do Grupo VW, Oliver Blume, em comunicado. “O nosso objetivo é oferecer aos nossos clientes as funções mais poderosas o mais cedo possível e configurar o nosso desenvolvimento da forma mais económica possível.”

A Ford e a VW continuam a cooperar em veículos elétricos e comerciais nos EUA e na Europa. 

Será que os projetos como a WAYMO irão tomar decisões semelhantes ou, pelo contrário, irão reforçar investimentos e ampliar a ambição? O futuro dirá sendo que naturalmente os avanços continuarão a acontecer.

Crédito foto: Argo AI

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