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O hidrogénio verde pode não não ser tão verde quanto isso

Esta semana abordamos o tema do hidrogénio através de um popular Podcast do Reino Unido. Inicialmente lançado em 2010 pelo ator Robert Llewellyn cobrindo alguns aspetos ligados aos carros híbridos e elétricos da altura, entretanto tornou-se uma produção mais abrangente cobrindo, em vários pontos do mundo, assunto ligados à transformação energética e à mobilidade.

Numa das últimas edições, a conversa decorreu com o Prof. David Cebon, da Universidade de Cambridge, um renomado cientista e engenheiro com amplas publicações em várias variadas revistas científicas e com vários livros publicados. Hoje em dia o tema do hidrogénio aparece de forma abundante nas agendas políticas e nos planos de investimento, normalmente associado a muitos biliões de euros. Mas será que a perspetiva de termos uma ampla economia descarbonizada onde o hidrogénio é ubiquamente utilizados nos transportes, na indústria, no armazenamento de energia é realista?

Nesta conversa, o tema do hidrogénio é abordado, numa perspetiva científica e não política, com base na melhor informação disponível, e tentam clarificar vários dos mitos em relação ao tema.

Carros com células de hidrogénio são muito pouco eficientes e têm uma racionalidade económica muito duvidosa perante as alternativas exclusivamente a baterias e, pior ainda, têm também um péssimo impacto ecológico ao contrário do que normalmente é propalado.

Do mesmo modo, os recursos necessários para produzir, transportar e armazenar hidrogénio verde (produzido através da hidrólise da água com recurso a energia renovável) são várias ordens de grandeza acima do que é necessário com a alternativa a baterias, criando um impacto ambiental significativamente pior.

Também a produção de hidrogénio para ser usado como vetor energético que compense a intermitência das renováveis, enfrenta dificuldades enormes perante outras alternativas. Na verdade, o hidrogénio verde exige um enorme desperdício de energia e por isso um sobredimensionamento da produção energética que, a existir e se aplicado diretamente na rede de produção através das renováveis distribuídas, em vez da produção de hidrogénio, elimina em grande parte a intermitência.

Isto não significa que não exista espaço para o hidrogénio na equação da descarbonização. Há indústrias como a da produção de fertilizantes de base no amoníaco que usam gás natural para obter hidrogénio e podem mudar para hidrogénio verde ou a de produção de aço, que pode ter grandes benefícios com a utilização do hidrogénio como um elemento químico capaz de inverter processos de oxidação, com reações de redução, otimizando muito estas industrias. Só a indústria do aço é responsável por cerca de 8% do total de emissões de CO2.

Isto sempre com produções locais nessas próprias indústrias, ao invés do transporte de hidrogénio a grandes distâncias, que tem uma complexidade e custo muito elevados.

Vale muito a pena ouvir esta conversa. Há muita informação que é extremamente importante para se formular uma boa opinião.

Crédito foto: Weforum.org

Fullycharged Podcast

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