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Por uma ética melhor que acabe com a pobreza

Há umas semanas apresentámos aqui, nas notícias do Cogito, o Gapminder.org, um site e uma fundação, que mostra com um poder de comunicação incrível, a evolução dos principais indicadores de desenvolvimento do mundo. E o progresso é extraordinário numa grande parte do mundo subdesenvolvido.

Mas isso não significa que a evolução não pudesse ter sido muito maior, caso os países desenvolvidos tivessem cumprido ao longo dos últimos 50 anos, os compromissos de ajuda com que se comprometeram.

A Oxfam, que congrega um número significativo de Organizações não governamentais, que se dedicam ao combate à pobreza mundial, publicou recentemente um relatório – Fifty Years of Broken Promises (50 anos de promessas quebradas). O relatório está disponível em várias línguas no link em baixo.

Neste relatório, que é agora publicado porque passaram exatamente 50 anos desde que, sob a égide da ONU, os países desenvolvidos se comprometeram, “sob promessa solene”, a dedicar todos os anos 0,7% do seu PIB, a programas de ajuda mundial aos países menos desenvolvidos, a Oxfam mostra a importância desta ajuda e mostra que muito poucos foram os países que cumpriram esse compromisso. Por exemplo em 2019, a ajuda média das nações desenvolvidas foi apenas de 0,3% e apenas o Luxemburgo, a Noruega, a Suécia, a Dinamarca e o Reino Unido contribuíram com os 0.7% ou mais.

Como se vê, a ética da maior parte dos países desenvolvidos não é tão evoluída como muitas vezes anunciam e o que dizer de 2020, em tempos pandémicos de crise global? Já se sabe que pela primeira vez em muitos anos há uma inversão da tendência e há um enorme avanço na pobreza, precisamente porque este países, além de terem visto a sua economia ser devastada como na maior parte do mundo, não têm a resiliência dos países desenvolvidos que ainda por cima cortaram muita desta ajuda.

Repare-se, estamos a falar de 0,7% do PIB, um valor muito baixo. Para quem se opõe a esta ideia de apoio, há que dizer que as objeções habituais à ajuda aos países mais pobres são normalmente a da má governação, a corrupção, a falta de garantia do dinheiro ser bem aplicado, há que dizer que, podendo existir alguns problemas pontuais, nada disso tem fundamento no geral. Há muita informação disponível sobre o valor desta ajuda e a forma como a mesma é desenvolvida. Recomendamos a leitura do relatório e já agora, também de um livro muito importante. O economista Americano, Jeffrey Sachs, no “Fim da pobreza” mostra que os países em pobreza extrema enfrentam um conjunto tão diverso e radical de contrariedades e dificuldades, que não são capazes, por si só, de ultrapassar as suas debilidades. No livro, compara-se o processo de saída da pobreza extrema, a uma escada e o que mostra, com muitas evidências, é que, sem ajuda internacional, os países não conseguem sequer chegar ao primeiro degrau da tal “escada do desenvolvimento”. Mas, depois de o conseguirem,  então já conseguem caminhar por si só.

Por isso, estes programas são canalizados para contrariar doenças como sida e malária ou doenças infantis, para a literacia principalmente a feminina, e para o desenvolvimento de infraestruturas básicas, como acessos a locais remotos, irrigação, comunicações, etc.

É fundamental melhor cooperação mundial e melhor informação, que permita maior pressão publica e escrutínio sobre a governação, por forma a que os 0,7% sejam sempre cumpridos por todos os países desenvolvidos. Afinal de contas é uma vergonha mundial a persistência de pobreza extrema.

Crédito Imagem – Humanprogress.org

www.oxfam.com

www.bbc.com

www.ideiasradicais.com.br

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