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Stephen Wolfram: “vamos compreender o universo, a não ser que a irredutibilidade computacional estrague tudo”

Estamos numa fase em que as pessoas simplesmente assumem que a ciência pode computar tudo, que se tivermos todos os dados de entrada corretos e os modelos corretos, a ciência descobrirá. A grande transição foi passar do uso de equações que  descrevem como tudo funciona, para o uso de algoritmos e computação que encontram por si só, os padrões que regem o funcionamento das coisas. Essa transição aconteceu após 300 anos de equações e o tempo de transição foi extremamente rápido, uma ou duas décadas.

Uma área que resistiu, apesar da transição de muitos campos da ciência na direção dos modelos computacionais, foi a física fundamental. Ou seja, se antes achávamos (e ainda é válido) que descobrindo algumas equações fundamentais poderíamos ter um conhecimento fundamental do Universo, mudando para este paradigma algorítmico, o raciocínio será semelhante e poderemos conhecer TUDO. 

Mas, talvez não seja tão simples! Uma das consequências de pensar sobre as coisas computacionalmente é enfrentarmos o fenómeno da irredutibilidade computacional. Não podemos contornar isso. Sempre tivemos o ponto de vista de que a ciência acabará por descobrir tudo, mas a irredutibilidade computacional diz que pode não funcionar. Diz que mesmo que conheçamos as regras do sistema, pode ser que não possamos descobrir o que esse sistema fará de forma mais eficiente. Ou seja paradoxalmente o sistema funciona, mas não conseguimos prever como vai funcionar sem o colocar a funcionar. Isto compromete o conhecimento, já que sem capacidade preditiva não podemos generalizar uma teoria.

Stephen Wolfram é um cientista, inventor, fundador e CEO da Wolfram Research. 

Crédito da imagem: Stephen Faust Photography

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