Num planeta onde ainda há 2000 milhões de pessoas que passam fome regularmente, a Internet não parece ser uma prioridade. Mas a verdade é que esta é um forte promotor de desenvolvimento. Através da Internet pode-se aceder a serviços de educação, saúde ou comércio, e é uma receita de desenvolvimento universal, tanto para países desenvolvidos como para países em via de desenvolvimento.
Por isso Internet de banda larga, de acesso universal em qualquer ponto do planeta deve ser um desígnio global. Mas apesar do enorme crescimento da cobertura, persistem grandes dificuldades em proporcionar este serviço em zonas mais remotas com preços razoáveis:
Colocar infraestruturas físicas de cabo ou fibra ótica para comunicações, em zonas remotas e agrestes é uma tarefa quase impossível;
Fazer o mesmo, através de antenas para tecnologia móvel por 4G e 5G é mais fácil, mas continua a ser complexo em vastas zonas de baixa densidade populacional;
Por isso, a cobertura através do Espaço parece ser a abordagem mais abrangente. Mas será viável e isenta de problemas?
A resposta parece ser afirmativa, já que há várias empresas e consórcios internacionais que estão neste momento a lançar satélites para garantir essa possibilidade.
Há ainda dúvidas sobre a competitividade do preço e a forma deste permitir chegar às zonas mais pobres e há alguns outros problemas que convém salvaguardar. Se somarmos todos os projetos neste momento em curso, dentro de alguns anos teremos dezenas de milhar de pequenos satélites em órbitas baixas, com um potencial de lixo espacial enorme, com possíveis impactos na Terra em caso de avaria e criando enormes dificuldades à observação espacial através de telescópios terrestres já que existirão sempre vários pontos de luz a mover-se em qualquer observação que se pretenda fazer.
Poderão existir soluções para isto, mas é necessário avançar-se na regulação espacial. O Direito espacial internacional é em grande parte, ainda marcado por leis da década de 50, do tempo da guerra fria e da bipolarização USA, URSS e o contexto atual da exploração espacial é muito diferente.
Faz, portanto sentido que se avancem com os projetos que garantam este desígnio da Internet Universal, mas é necessária regulação espacial para evitarmos problemas sérios no futuro e que se pense na forma do acesso ser verdadeiramente universal.